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Em Portugal, em 2020, estavam matriculados no ensino superior sensivelmente 396 mil estudantes (PORDATA, n.d.); de acordo com as previsões da OCDE, 35% destes estudantes, mais de 138 mil, abandonarão os estudos sem obter qualquer diploma (OECD, 2017)! Uma tão elevada taxa de abandono tem custos incalculáveis tanto económicos como pessoais e emocionais, desde o dinheiro gasto com estudos sem qualquer retorno até ao abandono de um projeto de vida que abriria caminho a uma melhor realização pessoal e a um futuro economicamente mais desafogado.

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As causas de tão elevado abandono de estudos são inúmeras e multifacetadas, algumas ligadas a fatores socio-económicos, outras a aspetos mais situacionais e pessoais. Entre estes figura o burnout, uma síndrome de esgotamento emocional e psicológico, que é fortemente preditor do abandono de estudos (Marôco J. , et al., 2020) e é endémico entre os estudantes universitários portugueses, com mais de metade deles a apresentarem níveis preocupantes de burnout (Marôco & Assunção, 2020).

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Também os problemas do sono estão identificados como tendo impacto na intenção de abandono de estudos, e dizer que os estudantes de ensino superior têm maus hábitos de sono é quase um chavão!! Estudos conduzidos com estudantes de todo os continentes e culturas mostram que pelo menos metade deles vive em privação crónica de sono (Peltzer & Pengpig. 2016). Para se perceber a importância deste fator, deve-se assinalar que Organização Mundial de Saúde considerou existir um problema mundial de saúde pública (WHO, 2004) com um impacto de 1,4% a 4% do Produto Interno Bruto de um país (Hafner, et al., 2017), o que em Portugal representaria entre 2,8 a 8,5 mil milhões de euros por ano.

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Embora seja irrealista pretender que burnout e problemas de sono são predominantes na intenção de desistir de estudar, a verdade é que é fatores psicossociais ou não-cognitivos (Duckworth & Yeager, 2015) são mais fáceis de serem trabalhados ou alterados deliberadamente e têm-se revelados serem bons preditores do sucesso dos estudantes após o ensino secundário (Fong, et al., 2017).

 

Referências

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Duckworth, L., & Yeager, D. (2015). Measurement Matter. Educational Researcher, 44(4), 237-251. doi: https://doi.org/10.3102/0013189X15584327

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Fong, C., Davis, C., Kim, Y., Kim, Y., Marriot, L., & Kim, S. (2017). Psychosocial Factors and Community College Student Success. . Review of Educational Research,, 87(2), 388–424. doi:https://doi.org/10.3102/0034654316653479

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Hafner, M., Stepanek, M., Taylor, J., Troxel, W., van Stolk, C., & Stolk, C. (2017). Why sleep matters -- the economic costs of insufficient sleep: A cross-country comparative analysis. Em Why sleep matters -- the economic costs of insufficient sleep: A cross-country comparative analysis (Vol. 6, Issue 4). The RAND Corporation. doi: https://doi.org/10.7249/rr1791

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Marôco, J., & Assunção, H. (2020). Envolvimento e burnout no ensino superior em Portugal. Actas do 13o Congresso Nacional de Psicologia da Saúde.

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Marôco, J., Assunção, H., Harju-Luukkainen, H., Li, S.-W., Cheung, K., Maloa, B., . . . Campos, J. (2020). Predictors of academic efficacy and dropout intention in university students: Can engagement suppress burnout? PLOS One, 15(10). doi: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0239816

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OECD. (2017). Education at a glance 2017. OECD. doi: https://doi.org/10.1787/eag-2017-en

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Peltzer, K., & Pengpig, S. (2016). Sleep duration and health correlates among university students in 26 countries. Psychology, Health & Medicine, 2(12), 208–220. doi:https://doi.org/10.1080/13548506.2014.998687

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PORDATA. (n.d.). Alunos matriculados no ensino superior: total e por sexo. Obtido em 10 de Fevereiro de 2021, de https://www.pordata.pt/Portugal/Alunos+matriculados+no+ensino+superior+total+e+por+sexo-1048

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WHO. (Janeiro de 2004). WHO technical meeting on sleep and health, January. Obtido de https://www.euro.who.int/__data/assets/pdf_file/0008/114101/E84683.pdf

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O Contexto

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